Conduzir comboios, é um trabalho que exige concentração, dedicação, profissionalismo. Este tenta ser um espaço de prolongamento lúdico das salas de convívio dos maquinistas, com as brincadeiras, as lutas e os problemas dessa classe "elitista", de grevistas (reformados), e que não tem direito a "pontes", nem férias no Verão. Nada do que aqui se passa existe, de facto, embora muitas vezes seja demasiado próximo da realidade.

sábado, março 04, 2006

5- O elixir “milagroso”

Criou-se de alguns tempos a esta parte, a ilusão que a resolução dos nossos problemas se resume apenas a listas de candidatos para a Direcção do Sindicato. Vai-se mais longe anunciar-se que tal e tal colega em termos individuais, tem um projecto sindical e a “solução milagrosa” para a carreira. Nada mais errado.
Fica a ideia que só nos mobilizamos e intervimos, na constituição de listas para a Direcção do Sindicato - o que é importante, sem dúvida – mas subestimamos durante o lapso de tempo que medeia as eleições, a compreensão dos nossos problemas e a necessidade de agirmos e intervirmos num esforço colectivo em torno dos mesmos. Quantos de nós tem um consciente conhecimento, por exemplo, da extensão das alterações do AE/2003? Qual tem sido a nossa intervenção sindical nos últimos anos? Porquê, só na altura da constituição de listas, a nossa postura se altera e se radicaliza?
O “mercado” surge então com uma oferta infindável de candidatos. Fica a ideia que, para alguns, felizmente poucos, repito e sublinho alguns, é perfeitamente indiferente pertencer á lista do poder ou da oposição. O importante á figurar naquela com mais hipóteses de ganhar!
Para a “colocação no mercado”, já só falta os respectivos empresários!
Não se é dirigente porque se quer ou porque se tem um projecto pessoal, por vaidade ou ambição pessoal. Não se é dirigente por ser “iluminado”, mas porque se acredita nas convicções, porque se ouve opiniões diferentes, porque se respeita, porque se aprende com os outros, sabendo que as suas limitações se diluem no grupo.
Os futuros dirigentes sindicais devem constituir um núcleo composto com os mais experientes e os menos experientes, mas mais importante, sempre com os mais capazes, os mais firmes e os mais dedicados aos interesses e aspirações dos trabalhadores da condução.
A minha análise á actividade sindical de quem foi, de quem é ou de quem quer vir a ser dirigente sindical é simplista: afere-se pelo que se fez, pelo que se faz e pelo que mostra estar em condições de fazer.
As diferenças de opinião, quando expressas com espírito aberto e construtivo, intervêm como um factor positivo no esclarecimento e na necessária tomada de decisões. Tornam-se, porém, num factor destabilizador que nos afecta a todos, quando agimos com ofensa, má fé ou como porta-voz de grupo. É com esses pressupostos que defendo que a actual Direcção sindical não tem condições sindicais para renovar o seu mandato. Ou melhor, não deveria ter. Não exerceram as funções sindicais de acordo com a defesa da classe e, mais grave, não exercerem de acordo com a ética sindical na assinatura do AE em 2003, face ao que foi discutido na Assembleia Geral subjacente. Nada me move em termos pessoais contra os actuais dirigentes. Antes pelo contrário. São colegas que estimo mas que perderam a minha confiança sindical. Penso mesmo que a sua actividade como grupo de acção sindical se esgotou. Sei quem defenda a sua continuidade, apesar de iguais críticas, em nome de uma falsa estabilidade.
A estabilidade pode ser extremamente negativa se resultar do imobilismo, da rotina e da falta de coerência naquilo que se diz e depois se faz na defesa dos trabalhadores.
Mas atenção! A mudança só pela mudança e a renovação só pela renovação é tão errada como o imobilismo.
Seja qual for o caminho que percorramos e as decisões que se tomem, devemos ter sempre presente que a nossa democracia, enquanto trabalhadores num estrutura sindical, nada deve ter a ver com esse jogo permanente que infelizmente assistimos no país, de intrigas, de interesses de grupo, de bipolarização e divisão entre aqueles que têm a responsabilidade de direcção e os que contestam.
Porque somos uma “tribo”…

1 Comments:

Blogger virilão said...

Gostava de conseguir escrever assim!
Posso dizer aos meus amigos que essas palavras também são as minhas?
Mas penso que o titulo deste capitulo não devia ser o elixir "milagroso" (em que te referes, claramente a uma possivel lista), mas sim: o "cheiro do costume", porque não se vê nada de novo, no horizonte dos velhos chefes...

4/3/06 23:24

 

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